quinta-feira, 28 de abril de 2011

Alfabetização:prioridade em Rondônia

As Políticas Governamentais de Educação implantadas nas duas últimas décadas não foram eficazes para erradicar o Analfabetismo no país.
O Brasil ainda tem 14,1 milhões de analfabetos entre a população com mais de 15 anos, (Pnad/ IBGE) .Embora os índices sejam decrescentes, o número é muito alto: ainda é muita gente! Principalmente quando consideramos que uma meta prioritária do Plano Nacional de Educação (PNE) que deveria ter sido atingida até 2010, era a erradicação do analfabetismo.
Concebidas como expressões das desigualdades sociais e da pobreza, as taxas de analfabetismo incidem decididamente nos cálculos de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).Lamentavelmente, se comparado ao universo dos países, o Brasil está posicionado feito “lanterninha”na escala do IDH.
Além dos 14 milhões de analfabetos absolutos, temos no país um expressivo contingente de ANALFABETOS FUNCIONAIS: apesar de ler,escrever e contar de forma rudimentar, tais pessoas são incapazes de utilizar a leitura ,a escrita e os cálculos para fins pragmáticos, em contextos cotidianos, domésticos ou de trabalho. Não conseguem entender instruções escritas necessárias para realização de tarefas. Não interpretam textos simples, não aplicam operações elementares de cálculo ao seu cotidiano. O analfabetismo funcional  significa limitação para sobreviver com qualidade de vida na sociedade contemporânea. Estima se que ,no Brasil , sejam cerca de 60 milhões de cidadãos nestas condições. Somados ao número de analfabetos absolutos, beiramos à metade de nossa população.
De outro lado, é notório que nossas escolas enfrentam sérios e crônicos problemas de qualidade. Os resultados das Avaliações de nossas escolas (IDEB e ENAD) revelam a falácia dos gigantescos esforços que tem sido realizados. Inúmeros projetos diversificados se sucedem...e a marcha de subida tem sido muito lenta, quase desalentadora. O que nos obriga a encarar que nossas escolas despejam (não como torneiras, mas como manilhas de elevado calibre) , anualmente, uma multidão de analfabetos funcionais escolarizados.Os professores e gestores das escolas trabalham incansávelmente e já beiram  um estado de frustração crônica. A “esperança equilibrista dança , na corda bamba, de sombrinha” entre os educadores sérios. Muita resiliência tem sido exigida.
O  Estado de Rondônia, retrata a realidade nacional, com um agravante: aqui, dados do  último estudo do IPEA apontam crescimento da taxa de analfabetismo absoluto ,que no país decresceu em 7% .E, em todas as etapas da Educação Básica, o IDEB não alcança 50% do valor da escala. No Ensino Fundamental o IDEB de Rondõnia foi de 3,4 em 2009, abaixo da média nacional. Trabalha-se muito, fala-se bastante, gasta-se consideravelmente...e os resultados são insatisfatórios.
Certamente essa discussão precisa ser aprofundada. Mas, uma conclusão salta aos olhos do pesquisador mais primário: alfabetização deve ser o FOCO das Políticas Educacionais em Rondônia. Investimentos, recursos, formação continuada, projetos, ,metodologias, construções, materiais,novidades, invencionices, tudo enfim deve voltar-se para a relevância de uma população funcionalmente alfabetizada, efetivamente letrada. Não haverá desenvolvimento no Estado, sem essa ferramenta básica. Por mais postos de trabalho que sejam criados, ainda alimentaremos a migração. Nossa gente, mesmo com certificados nas mãos, nessa escola inoperante ou sem ela, não apresentará as competências e habilidades necessárias para o desenvolvimento sustentável. Escolas Profissionalizantes, Faculdades, Escolaridade Básica sem qualidade, perpetuam o analfabetismo funcional.Gente privada de escolarização  perpetua o analfabetismo absoluto,o que constitui injustiça social das mais graves.
O Governo Estadual precisa liderar a definição de políticas e a canalização dos esforços.A Associação de Municípios de Rondônia e a Undime serão  protagonistas priviligiados nessa tarefa. É no município que tudo acontece e pode ser melhor planejado e acompanhado.
À sociedade política caberá conclamar a sociedade civil para um projeto enxuto e centrado de zerar o analfabetismo absoluto no âmbito do Estado. Os 109.605 analfabetos que o estudo do IPEA relata em Rondônia não podem permanecer marginalizados. Cumpre incluí-los. E os cerca de 500.000 estudantes de nosso Estado precisam ser imediatamente recuperados em sua alfabetização. Não se pode permitir que sigamos  produzindo, via escolaridade de qualidade duvidosa, o inaceitável contigente de analfabetos funcionais.
A palavra de ordem tem que ser essa: em Rondônia, alfabetização já!